Óbitos



A minha interminável tese de mestrado era (ou é?) sobre as Crises de Mortalidade no Baixo Alentejo ou seja é um estudo dos óbitos. É um assunto que sempre me interessou e não tem nada a ver com algum interesse mórbido da minha parte. É uma área que me interessa porque permite aplicar a estatística, uma das minhas paixões, ao estudo da evolução das epidemias do passado entre outras coisinhas. É por esta razão que também gosto de Demografia. Gosto de contar para me distrair!!!


Quando faço as pesquisas genealógicas o assento de óbito é a último documento que tento encontrar. Se andarmos para trás no tempo uns míseros 150 anos arriscamos-nos a encontrar registos de óbito que são apenas rabiscos pouco legíveis e com pouca informação. No entanto podem funcionar como tira teimas de algumas situações se tivermos sorte. Foi com isso em mente e porque eram óbitos recentes que resolvi pedir o óbito do meu bisavô Malveiro para a Conservatório do Registo Civil de Setúbal e a do meu trisavô Josué para a de Odemira. É irónico juntar os dois numa mesma postagem, não é?


O meu bisavô Francisco Malveiro faleceu com 99 anos de pneumonia quando faltava pouco mais de um mês para completar 100 anos. A prima Maria J., também sua bisneta, e que o costumava visitar disse-me que ele já não estava bem no fim da vida, que confundia as coisa e a as pessoas e que um dia fugiu pela janela de casa ( de facto comprovei pela certidão que morava num rés do chão) num dia de chuva e frio e foi assim que adoeceu. Curiosamente o seu único filho faleceu nesse mesmo ano no dia 25 de Dezembro com 80 anos.


Caquexia foi a causa de morte do meu trisavô Josué que morreu no Hospital Civil de Odemira em 1921. O que me chamou logo a atenção neste registo de óbito foi a falta de informação sobre o defunto. Não sabem qual é a sua idade, supõem que seja "cincoenta e tal anos" quando na realidade teria à data 72. Não sabem também se deixa filhos menores nem qual seria o seu estado civil. Curiosamente sabem o nome do pai mas erram o da mãe e, deixam uma pista que poderá ser importante: os pais seriam da freguesia de Gomes Aires e não da de Almodôvar. Quando for ao ADBeja tenho que tirar isto a limpo.
Este registo de óbito é baseado no assento do hospital. Será que este documento ainda existe? Onde estará a documentação desta época que pertencia ao Hospital de Odemira?
Acabou por ser enterrado em Odemira apesar de ter residência em Colos. Será que houve funeral? Será que a família esteve presente? Em que circunstâncias foi internado no hospital? É sempre assim: uma resposta, n perguntas!



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