Os diferentes nomes de Josué

Antes da existência e obrigatoriedade do registo civil não havia regras na formação do nome dos indivíduos. Era no entanto normalmente composto pelo nome dado no baptismo a que depois se acrescentava um segundo nome que permitia diferenciar a pessoa: podia ser um nome de um dos progenitores, dos avós, ou uma característica física, temperamental, profissional, etc.


Normalmente quando casava a pessoa já tinha a sua identidade consolidada e no respectivo registo constava o seu nome de baptismo e um outro que manteria até ao fim da vida. Com excepções. Este Josué que me intriga é uma excepção. Ao longo da vida foi surgindo com variações de nome..


No assento de baptismo da sua filha Maria dos Santos (01/11/1875) aparece como Josué Joaquim, maioral de gado, morador na Galharda. No óbito da sua 1ª mulher em 04/01/1884 é Josué António e mora no Verdelho. Os dois locais pertencem à freguesia de São Martinho das Amoreiras, concelho de Odemira. Foi com este nome que casou pela segunda vez em Relíquias ( 28/10/1884) com Jacinta Maria, fiadeira. Quando nasceu a filha Mariana (22/04/1887) vivia no Moinho dos Pimentas e era Josué do Carmo assim como quando nasceu Maria ( outra Maria, o que terá acontecido à primeira?) no Monte da Portelinha da Rocha em 14/07/1889 sempre nas Amoreiras. Como é que alguém que se mantém sempre na mesma freguesia é conhecido por diferentes nomes? Teve ainda mais um filho, César, de que não tenho registo.

Volto a ter notícias deste meu antepassado quando encontro a certidão de nascimento do seu neto, meu avô, que nasceu na Charnequinha, Colos, a 17/06/1910. Aqui aparece como Josué de Campos. Aguardo a certidão de óbito.

Consigo encontrar explicação para a utilização do Josué Joaquim uma vez que o pai dele era José Joaquim. Para o Josué António a explicação será a adopção do nome do padrinho de batismo António Raposo. Não entendo onde vai buscar o Campos. Será engano do pároco? Ou será uma pista para a identidade dos avós paternos? O pai dele foi exposto na roda em Almodôvar em Março de 1819 e baptizado no primeiro dia de Abril desse ano. Ficou com o nome do padrinho: José Joaquim. Foi dado a criar a Isabel do Carmo o que explica que surja com este apelido, afinal é o apelido da mulher que criou o pai dele. Tentei saber se o Arquivo Municipal de Almodôvar tinha os livros da Roda mas na altura estava em organização e não havia informação. Mais uma tarefa para as minhas férias de verão.

Os bisnetos, que ouviram muitas histórias dele, já de poucas se recordam. Ficaram apenas algumas anedotas que revelam um homem temperamental, temível quando perdia a cabeça, muito teimoso, corpulento, de pele clara e avermelhada. Era assim o ferrador conhecido como o "Ti Jazué Bruto" que esteve na origem das minhas pesquisas e emprestou o nome a este blog.

Comentários

Anónimo disse…
Anedotas? Adondi? Na vejo nada!!!!
Joshua disse…
Tens razão. Tenho que ver se faço uma postagem sobre isso:)

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