O meu nome é Josué

Josué é um nome pouco comum. Como nome próprio ou como apelido. É pouco comum em Portugal. E sempre foi pouco comum. Não é um daqueles nomes que foram muito utilizados em épocas passadas e que caíram em desuso nos últimos 100 ou 200 anos.

Numa pesquisa que fiz para um trabalho de mestrado em demografia histórica que me obrigou a pesquisar os assentos de baptismo de todas as paróquias urbanas de uma cidade alentejana num período de 300 anos não encontrei um único Josué. Outros estudos do género que pretendem analisar a frequência dos nomes próprios e sua constância ao longo do tempo também não mencionam este nome.

Curiosamente quando estava a procurar o assento de baptismo do Josué que me deu o nome encontrei um outro na mesma paroquia que tinha nascido...100 anos antes. Não encontrei nenhuma relação entre os dois.

Hoje em dia Josué é um nome comum entre os Judeus e os Protestantes. Presumo que sempre tenha sido.

O meu Josué nasceu em 1849 em Ourique. Que eu saiba não havia na altura protestantes por lá ou judeus. Então, o que será que passou pela cabeça daquela gente para baptizar aquele bebé desta forma tão original?

Confesso que só comecei a ter curiosidade pela a origem deste meu apelido tarde. De início era só um nome incómodo que ninguém percebia à primeira (José?), que poucos escreviam correctamente (jazué, jasué, jesue, etc...) e que para muitos tinha uma sonoridade vagamente estrangeira (Isso é um nome português?). Este meu último apelido era uma grande maçada! Porque é que te chamas assim? Durante algum tempo utilizei o apelido da minha mãe, o neutro Sousa, farta de ser diferente e de tantas explicações.

Hoje em dia muitas pessoas continuam a não saber escrever este meu apelido correctamente. Esta semana por exemplo aconteceu ter que o repetir ou corrigir três vezes! Para que o percebam correctamente tenho que abrir muito o O como se tivesse pronúncia brasileira.

Curiosamente com crescimento das minorias religiosas que já não são assim tão minoritárias encontro muitos protestantes que de alguma forma me imaginam uma "irmã na fé". Os israelitas partem do principio que fui "uma das que cá ficaram" aquando da expulsão dos judeus há 500 anos trás.

Mas afinal qual é a origem deste apelido? Foi para tentar resolver este "mistério" que comecei a fazer genealogia. E foi assim que vieram outros "mistérios" e outros e agora 10 anos depois e com mais de 2000 antepassados encontrados continuo a investigar. É a minha obsessão.