Pesquisar em Cabo Verde - Última Parte
De qualquer forma parto do princípio que a documentação que procuro não está nem neste Arquivo Nacional nem nas Conservatórias. Se alguém soubesse onde está o que eu procuro já os Mormons, essas formiguinhas da microfilmagem genealógica, teriam procedido às microfilmagens à semelhança do que aconteceu com todo o século XIX.
A dada altura, foi-me até sugerido que a potência colonizadora, vulgo Portugal, teria ficado com esse pedaço de história tendo feito o seu transporte para a metrópole! A ser assim estes livros paroquiais estariam ou na Torre do Tombo ou no Arquivo Histórico do Ultramar.
Ideia peregrina esta! Mas não, não estão! Nem poderiam estar. Portugal não pensou em lá grande coisa quando entregou as Províncias Ultramarinas...
Então onde estão? Cabo Verde não viveu uma situação de guerra como a Guiné Bissau ou Angola. Não houve destruição maciça. Onde param os paroquiais?
Certamente que terão sido transferidos para as Conservatórias do Registo Civil instituídas no inicio de 1911 por força da Lei de Separação da Igreja do Estado que determinou que todos os registos paroquiais (baptismos, casamentos e óbitos) anteriores a 1911 fossem transferidos das respectivas paróquias para as conservatórias. Ou estarão em algum Arquivo Eclesiástico?
Com isto na ideia e porque acredito que é urgente Cabo Verde divulgar esta valência cultural que está muita para além da cachupa, da morna ou do turismo resolvi abordar o meu contacto privilegiado: o próprio primeiro ministro de Cabo Verde José Maria Pereira Neves.
É evidente que com isto não esperava uma resposta, pretendia apenas evidenciar mais uma carência do país e que se situa também ao nível da falta de divulgação cultural da documentação história e também da actividade desenvolvida, se é que existe alguma, por parte desta instituição.
(Segundo parece receberam fundos para tratamento de um imenso espólio fotográfico sobre Cabo Verde que se encontra naturalmente indisponível. Qual o melhor meio para divulgar imagens do que a web?)
Em vez da resposta que procurava recebi pedidos de amizade de alguns caboverdianos e caboverdianas. Assim entrei no circuito dos expatriados e diasporizados mais intelectulizados do que a generalidade daqueles que procuram os meus serviços profissionais.
E é aqui que começa a minha perplexidade... e é reforçada também a minha convicção de que todos os caboverdianos deveriam ter acesso à sua genealogia. Deveriam conhecer a sua ascendência para que se pudessem reconciliar com as pedras de xadrez, do jogo, que os originou.
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