Tristam da Ilha

Monumento a Tristão Vaz em Machico

Como acontece com quase todos os madeirenses descendo dos três primeiros capitães donatários da Madeira no entanto a minha preferência vai para Tristão Vaz. Não sei o porquê desta minha predilecção mas a verdade é que me acontece com os antepassados aquilo que me acontece com os meus parentes vivos: gosto mais de uns do que de outros!

Talvez goste mais dele porque é aquele que tem a sua ascendência envolta em mistério não havendo sequer certezas sobre o apelido que utilizaria na sua época uma vez que é referido nas provisões e cartas do rei como Tristam da Ilha, cavaleiro da casa real. Por exemplo, a carta de doação da capitania de Machico é de 1440 e refere-se a ele como sendo apenas Tristão.

Sabe-se que foi feito cavaleiro por D. Henrique e que este se referia a ele como Tristam, sem sobrenome, porque se teria notabilizado tanto nas jornadas de África que não haveria necessidade de juntar apelido para o distinguir de outros. Seria também por essa razão que as suas armas seriam uma Fénix: ele à semelhança da ave seria único.

Não se sabe quando ou onde nasceu, pensa-se que terá sido em finais do século XIV sabe-se apenas que quando foi viver para a Madeira em Maio de 1425, já estava casado com Branca Teixeira, que pertenceria a uma das mais ilustres famílias do reino, e já tinha filhos acabando por falecer em Silves já com mais de 80 anos aquando de uma viagem de negócios ao Algarve.

Dos filhos, alguns nasceram no continente e outros na Madeira e segundo consta foram doze! Eu descendo de três deles: Tristão, João e Lançarote Teixeira (este último é o meu favorito). Teve seguramente mais de 20 netos e desses pelo menos sete são meus antepassados. A endogamia era de facto a prática usual entre as famílias na época o que explica que ao descender de Tristão Vaz descendo de quase todas as a famílias ilustres que ajudaram a povoar a minha ilha.

Não digo isto com especial orgulho. É apenas um facto que me permitiu avançar mais na genealogia materna do que na paterna uma vez que as famílias com mais pergaminhos tendiam a guardar registos manuscritos das suas genealogias muitas vezes úteis para dirimir conflitos relacionados com heranças. Confesso no entanto que quando cheguei a estes antepassados fiquei feliz. A História de Portugal, de repente, tornou-se para mim num fenómeno mais participado, mais real, com rostos expressivos e corpos de pele quente como a minha, cheios de vida.
Como eu.

Comentários

Anónimo disse…
Cara Ana Josué
Mais um comentário interessante sobre as suas origens, infelizmente não tive oportunidade de aceitar o seu convite, sobre aquilo que seria o meu primeiro passo sobre as buscas familiares, nem tempo tive de ir à conservatória do registro civil de Ourique pedir uma certidão, conforme me aconselhou.
Cheguei hoje do que teria sido as férias, espero futuramente ter essa oportunidade e se não for pedir demais contar novamente com a sua preciosa ajuda.
José Pereira Malveiro
Joshua disse…
Olá José,
As férias não correram bem? :(
Quanto à certidão pode fazer o pedido pelo correio enviando os 50 cêntimos e um envelope selado e endereçado para que a conservatória lhe possa enviar o documento.
De qualquer forma se precisar de alguma coisa diga.
:)
Anónimo disse…
Olá Ana
Pois é, quando se mistura férias com trabalho é o que dá, nem uma coisa nem outra. Comecei com obras e pronto as férias foram-se à vida. Assim que tiver a certidão remeto-lhe uma cópia.
José Pereira Malveiro

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