Adelaide Pereira da Silva

Porto de Santos cerca de 1900 (fotografia de Benedito Calixto)

Deveria ser esta a irmã de quem a minha avó guardava algumas memórias uma vez que a outra, a Maria, partiu para o Brasil quando ela tinha cerca de dois anos.

A minha mãe conta que a minha avó Ana costumava falar de uma irmã que tinha casado muito nova com um homem já mais velho e que teriam ido viver para o Brasil. Inclusivamente quando lá chegaram nos anos 50 a minha avó perguntou pela irmã, que queria visitar. O meu tio-avô Joaquim descartou completamente essa hipóteses dizendo que não era gente que interessa-se. Segundo parece porque um dos sobrinhos, filho desta irmã, seria jogador de futebol no Rio de Janeiro, profissão que ele achava pouco digna. Mudam-se os tempos...

Por este motivo não foi possível recuperar o contacto durante a estada da minha avó e da minha mãe em São José do Rio Preto. Esta animosidade pela(s) irmã(s) ter-se-á mantido sempre porque neste momento não existe ninguém do lado brasileiro que se recorde de alguma vez o avô Joaquim ter falado das irmãs que teriam vivido a cerca de 180Km de Rio Preto, tão perto, ficando estas apenas nas memórias dos que ficaram em Portugal. É curioso, não é?

Descobrir o assento de casamento da Adelaide foi tarefa fácil, uma vez que nasceu e casou em Santana, foi apenas uma questão de pesquisar os microfilmes que já tinha requisitado. De facto ela casou cedo, com 17 anos e com um homem mais velho, já tinha 44 anos e era irmão do marido da irmã dela: duas irmãs que casam com dois irmãos. Casaram em Abril de 1904 mas não foram logo para o Brasil, o pedido do passaporte só foi efectuado em Abril de 1910. Em Dezembro de 1905 nasceu Maria e depois Manuel em 1908. No assento de baptismo dos filhos o padre menciona que os pais são lavradores no entanto à margem escreve também "sem selo por motivo de pobreza". A vida não seria então fácil apesar de provavelmente cultivarem as suas próprias terras ou terras arrendadas. As duas crianças sobreviveram e constam do passaporte dos pais pelo que terão chegado ao Brasil.

Normalmente, nestes casos, os emigrantes apanhavam um navio que fizesse escala no Funchal com destino ao Porto de Santos. Chegados a Santos a viagem iria prosseguir por comboio até São Paulo e daí para Arararaquara onde consegui localizá-los em 1915. Mais uma vez os registos paroquiais são parcos em informação e a única coisa que consegui averiguar diz respeito à certidão de óbito de António Martins, de 56 anos, casado com Adelaide Pereira da Silva que faleceu no dia 19 de Março desse ano. Não diz nada sobre a causa da morte mas não terá sido de doença repentina porque o padre diz que recebeu todos os sacramentos. Para ele a aventura brasileira terminou mas para o resto da família estava mesmo a começar...

Comentários

Anónimo disse…
Primassa ou Primaça - em brasilense, brasileiro ou brasiliano, não
tenho bem a noção de como se escreve a palavra, Primata, provavelmente
Primona, Senhora Marquesa do Pombal (convém não esquecer que
efectivamente o único elemento da família que nasceu na Rua do Pombal,
número de polícia, 41 - confere com a tua mãe, anda, atreve-te - foi
este teu priminho, plebeu por enquanto e principal pretendente ao
título nobiliárquico ostentado pela família - isto vai dar bom, olá se
vai), ex-Viscondessa do Lumiar, toma lá, Baronesa de Beja e Abadessa
do Carrilhão de Mafra.

Fiquei com a ideia que só agora acabei de descrever o teu título.

Vamos lá ver se sou capaz de iniciar a comunicação que tinha em mente,
após ter concluído a leitura da tua última deligência sobre o
paradeiro e localização do resto da família da avó que se perdeu em
terras de Vera Cruz e, infelizmente, não há meio de se encontrar
alguém disposto em partilhar contigo, o que é uma garnde pena -
intrépida historiadora - um pouco da história da família.
Fiquei deveras curioso por saber se há possibilidades de se encontrar
mais alguém que use o mesmo apelido que nós, ou melhor que usasse, mas
dado que o nome da mulher praticamente desaparece com o casamento,
penso que não terás tarefa muito fácil.
Oxalá aparecesse alguém do lado da tia Adelaide, cuja existência
desconhecia completamente até hoje, pois não tenho ideia de ouvir a
avó falar das irmãs, pois se tivesse ouvido, certamente, teria
arquivado alguma coisa.
Vou ficar atento à tua próxima comunicação, uma vez que fiquei com a
pulga atrás da orelha, pronta a saltar para ouvir novas sobre a
família que afinal não era assim tão pequena.
Pena o mau feitio, tirania e casmurrice do tio Joaquim não ter
possibilitado as duas irmãs se encontrarem no Brasil, pois se assim
tivesse acontecido, certamente a tua aventura teria outros
desenvolvimentos.
Parece que há mais qualquer coisa preparado, não há?
O que mais soubeste?
Ainda existem sobreviventes da, ou das, irmãs da avó?
Teria uma certa piada, agora com esta história de jogadores de futebol
e não só, de lá para cá, aparecer um descendente da nossa família, não
achas?
Ou uma aspirante a modelo a trabalhar na noite portuguesa???
Desculpa a brincadeira, mas não fui capaz de resisitir.
Quando é que há mais notícias?
Já agora, não terás um tempinho, ou informação que me ponha no encalço
da origem do nome Brazão. Nome e família, evidentemente.
Gostaria de saber como se faz e como se chega lá.
Teria a sua dose de curiosidade e com o tempo livre concedido pela reforma...
Vais dar uma mãozinha?
Até agora está provado que Sousa e Brazão deu uma mistura explosiva.
O que não teria sido, por exemplo, nos seus primórdios...

Desculpa lá. Acabo mesmo e é já.
Beijinhos.
Vês? Caiu o pano...


Rui Brazão
Joshua disse…
O teu pai era Teixeira Brazão, não era? Seria também uma mistura explosiva.
O que te posso dizer sobre a origem da família Brazão é muito pouco. Só sei que parece que se fixaram em S. Vicente e que em 1652 já existia um casamento de um tal Vicente Fernandes Brazão.

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